POEMAS ESCRITOS PARA O DESAFIO «A QUE SABE A POESIA?» LANÇADO POR OCASIÃO DO 46.º ANIVERSÁRIO DA JUNTA DE FREGUESIA DE CASTANHEIRA DO RIBATEJO~DECLAMAÇÃO NO LOCAL (CASTANHEIRA) NO DIA 24 DE SETEMBRO DE 2011
GENTE VIVA – ATENEU ARTÍSTICO VILAFRANQUENSE
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O paladar e a minúcia
dos teus gestos
gentilmente cavalgam
o meu sonhar.
Sabor árduo de bronze,
saber-a-Poesia.
Oiço a música que se estende
aos teus pés como uma estrada
de harmonia:
sob os teus olhos escondem-se as rugas do Tempo
e ao desvendá-las –só, infinitamente só –
conheço então, e apenas então,
a consistência exacta da Poesia
que como água se desfaz
no interior do meu ser,
deixando um rasto de nada atrás de si.
Breve é a textura de sonho
que se desvanece por entre os teus lábios.
Desse único beijo guardo memória
e em tardes de angústia a persigo,
intitulando a declinação do meu esforço
de «Poesia».
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Breve
I
Nos meus dedos repousa
o peso dos sonhos do mundo.
E infantilmente creio que é este adejar
de felicidade e terror
o verdadeiro sabor
de Poesia.
II
Nua navego, sempre só tremulando
em contraste com a efémera escuridão
das coisas.
E morro, também.
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A que sabe a Poesia?
Ao movimento circular de uns pezitos
num berço pequenino…
Ao cirandar de fadas e duendes
por entre os risos do menino…
À chama do teu olhar
e à sabedoria de conhecer
o momento perfeito de cada respirar.