sábado, 22 de agosto de 2009

R.A.P.E - excerto de capítulo da obra «Reconstrução»

R.A.P.E. – Razoáveis Apoios aos Execráveis, Razões Aparentes para Esquecer, Rudeza Antes de Pedir Encarecidamente

Mas nada apaga aquilo sem ser a própria memória que a retrata sozinha

Amanhã esquecerei isto

Quem sabe?

Ele, Eles que a arrastaram que a taparam com o corpo

Amanhã serei outra pessoa e não esta a quem aconteceram estas... coisas

Esta pessoa foi para o lixo, para a reciclagem do cérebro mesmo que na sua vida tudo se quebre por entre os dedos como e ela precise de beber a destruição para se sentir viva e talvez um pouco bela face ao perigo

Sentir-se ferida por dentro e saber que a cortina que a separa dos outros está irremediavelmente destruída nunca mais haverá nada dentro de si a que possa chamar de seu

Deixai-me cantar a Donzela das Contradições

Deusa da perseguição selvagem e da roca atarefada...

Arqueira, caçadora, Ela corre pelas sombras das montanhas

E pelos montes ventosos

Empunhando o seu arco e lançando as suas flechas de tristeza

Também ela corre pela vida

Ele poderá estar ali, observando-a enquanto se banha com as suas companheiras de dança. Terá de O destruir e Ela dança acompanhada, mas caça sozinha. Terá de ser forte por si e pelas outras. Para defender um ideal – todos temos direito a um pedacinho só nosso sem que as portas sejam arrombadas e sem que as cortinas sejam cortadas à faca por esse intruso que é o Medo

Quem sabe?

Ela não se lembra

Começou aos onze anos.


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